Com o agravamento da pandemia, a busca por métodos eficazes que combatam a progressão da COVID-19 tem se intensificado. Há diversos estudos clínicos em andamento avaliando medicamentos já aprovados para outras doenças e que são promissores por suas propriedades farmacológicas no combate a infecção pelo SARS-CoV-2.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), há 4 tratamentos medicamentosos com grande potencial, são eles: (i) cloroquina/hidroxicloroquina, (ii) remdesivir, (iii) lopinavir/ritonavir e (iv) lopinavir/ritonavir + Interferon beta-1.
Cloroquina e Hidroxicloroquina
Uma dupla de fármacos que vem ganhando repercursão mundial é a Cloroquina e a Hidroxicloroquina (um derivado dela), indicadas no tratamento da malária (parasitose) e de condições reumatoides (artrite e lúpus).
Ambas se mostraram capazes de reduzir a replicação viral de outros tipos de coronavírus (SARS-CoV e MERS-CoV). Mais recentemente, relatos de médicos na China e França, que tratavam doentes com o COVID-19 disseram ter tido sucesso com o uso de hidroxicloriquina, por vezes em combinação com o antibiótico azitromicina.
Mas os resultados ainda são muito preliminares, estudos clínicos envolvendo um maior número de pacientes são necessários para assegurar a eficácia deste medicamento no tratamento da COVID. Principalmente, pela arritmia cardíaca ser um dos fatores de risco no uso desses fármacos.
Remdesivir
Fármaco previamente testado no tratamento do ebola, que tem resultados interessantes no combate a síndrome respiratória aguda severa, provocada pelo SARS-CoV ou MERS-CoV, em animais. Adicionalmente tem apresentado também atividade antiviral contra o SARS-CoV-2, in vitro, tornando-o promissor no tratamento da COVID-19.
Um primeiro estudo clínico foi feito com este medicamento nos Estados Unidos, porém os resultados foram inconclusivos pela falta de parâmetros avaliativos e o pequeno número de pacientes. Atualmente, novos estudos vem sendo realizados para avaliar se o remdesivir pode ser utilizado no tratamento da infecção pelo SARS-CoV-2, mas há efeitos colaterais no que diz respeito a sintomas gastrointestinais.
lopinavir – ritonavir (LPV/r)
Uma combinação usada no tratamento do HIV que possui a habilidade de inibir a replicação viral, tendo atuação in vitro contra o SARS-CoV-1. Desta maneira fármacos com esta composição estão sendo utilizados em estudos clínicos envolvendo o tratamento da COVID-19, em associação ou não com interferon-beta. Embora em estudo esta combinação de drogas também apresenta forte efeito colateral
Além das 4 formulações citadas pela OMS, merece atenção a Nitozoxanide, que possui ampla atividade in vitro contra o influenza, rotavirus, parainfluenza, e inclusive contra o SARS-CoV-2. Porém, maiores investigações são necessárias para determinar o manejo do Nitazoxanide para o COVID-19.
Vários fármacos estão sendo investigados ou teoricamente considerados para tratar pacientes infectados com SARS-CoV-2 que apresentam quadro severo, principalmente. Porém, no momento, nenhuma recomendação pode ser feita, devido à falta de resultados a respeito da eficácia e segurança desses medicamentos.
Assim, o mais seguro a fazer é seguir sempre a recomendação do seu médico, Diga NÃO A AUTOMEDICAÇÃO!!!
Por Celyna K. Rackov, Carolina Curaçá e Michelle L. Detoni
Referências:
Cao, B. Wang Y. et al. A Trial of Lopinavir–Ritonavir in Adults Hospitalized with Severe Covid-19. The New England Journal of Medicine, 2020. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2001282
Cortegiani, G. Ingoglia, M. Ippolito, et al., A systematic review on the efficacy and safety of chloroquinefor the treatment of COVID-19, Journal of Critical Care, 2020. https://doi.org/10.1016/j.jcrc.2020.03.005
McCreary, E.; Pogue J. Coronavirus Disease 2019 Treatment: A Review of Early and Emerging Options. Open Forum Infectious Diseases, 2020. Disponivel em: https://academic.oup.com/ofid/article/7/4/ofaa105/5811022.