No dia 26 de junho de 2020 às 20h (horário de Brasília), ocorreu a abertura do evento Global Virtual Conference (Conferência Mundial Virtual) da Spastic Paraplegia Foundation (SPF, Fundação de Paraparesia Espástica). Neste dia houve uma palestra do Dr. Corey sobre Bases Genéticas e atualizações sobre Terapia Gênica e Celular.
Bases Moleculares
Dr. Corey relatou que o DNA é a molécula hereditária da vida, e que ele determina a estrutura e o funcionamento da célula, estando presente no núcleo celular. E que, através de processos como transcrição e tradução, o DNA é traduzido em proteínas.
As proteínas possuem uma estrutura específica relacionada a sua função. Uma alteração no DNA (deleção, translocação, inversão ou mutação) pode gerar a produção de uma proteína defeituosa, que não exercerá sua função adequadamente.
Sobre os padrões de herança, Dr. Corey citou que na Paraparesia Espástica Hereditária (PEH) temos subtipos tanto autossômicos dominante/recessivo, como relacionado ao sexo. Assim, há uma grande variação na possibilidade de os filhos herdarem o gene da doença e desta se manifestar, devendo cada caso ser avaliado individualmente.
Terapia Gênica e Celular
Dr. Corey expôs que a terapia gênica e celular vêm avançando muito e que os investimentos nesta área estão em uma crescente. Pontuou algumas questões sobre este tipo de tratamento:
– Objetivo: alteração da sequência de DNA para o tratamento de doenças genéticas;
– Desafio: Alterar somente o DNA no ponto correto e na célula alvo;
– Como: Material genético é carreado em vetores virais ou nano-partículas de lipídios.
Terapia Gênica e Celular na PEH
Dr. Corey citou que há 2 vertentes que estão sendo exploradas para o tratamento da PEH:
(a) Antisense Oligonucleotides (ASO), baseada na construção de pedaços de DNA que irão se ligar na região mutada do gene, causando sua inativação. Nesse caso, não haverá mais a produção da proteína “defeituosa”, tóxica a célula. Tem sido explorada no tratamento da SPG4.
(b) Replacement Therapy, baseada na substituição do trecho de DNA com a mutação por um pedaço com a sequência correta de nucleotídeos. Dessa maneira, a célula além de não produzir uma proteína errada, passa a coordenar a produção da proteína correta por ambos os alelos gênicos. Tem sido explorada no tratamento da SPG15.
Conclusão:
Dr. Corey ressaltou que para a aprovação de um tratamento existe uma série de passos a serem seguidos envolvendo estudos pré-clínicos e clínicos. Sendo na fase clínica de vital importância as análises envolvendo a segurança e a eficácia do tratamento.
Já existem tratamentos baseados na terapia gênica aprovados pelo FDA, ou seja, a ciência não pára, e vem avançando dia-a-dia!
Por Michelle L. Detoni1, Celyna K. Rackov2 e Fernanda Bittar3
1Doutora em Ciências Biológicas (Genética e Biotecnologia)
2Núcleo Médico Científico ASPEH Brasil
3Coordenadora de Pesquisa Clínica Neurogenética, UNICAMP
Referência:
SPF Global Virtual Conference Day one on June 26, 2020: https://www.youtube.com/watch?v=kNxbhCuAOj0&t=10s