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Vacina contra o SARS-CoV-2 (COVID-19)

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a pandemia provocada pelo SARS-CoV-2 já contabilizava, até 13 de junho de 2020, 7,5 milhões de casos confirmados e mais de 420 mil mortes em todo o mundo. A severidade com que a Covid-19 atingiu o sistema de saúde pública de todos os países provocou uma corrida em busca da vacina contra a doença.

Hoje, no mundo, temos mais de 136 estudos científicos buscando desvendar uma maneira de produzir uma imunização eficaz. Destes estudos, dez já estão na fase clínica, quando são verificadas principalmente a segurança e a eficácia do candidato vacinal em humanos.

Nos últimos dias, foi anunciado pela imprensa que brasileiros participarão como voluntários em dois testes clínicos para a vacina contra o SARS-CoV-2. Isto devido ao momento que o Brasil está vivenciando na pandemia, com aumento no número de caso diários. Hoje (13 de junho de 2020), já são mais de 800 mil casos confirmados e cerca de 41 mil mortes.

Um destes estudos é conduzido por Andrew Pollard, da Universidade de Oxford, e será integrado pelo Brasil na terceira fase. O candidato vacinal é constituído por um vetor viral, que não é transmitido entre humanos, contendo uma glicoproteína do SARS-CoV-2. Inicialmente, serão recrutados apenas profissionais de saúde sadios para o estudo, que será realizado em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com o Instituto D’Or e a Rede D’Or.

O outro estudo é coordenado por Yuliang Zhao, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Província de Hubei, na China. A vacina está sendo produzida pelo laboratório Chinês Sinovac, que, em parceria com o Instituto Butantã, em São Paulo, promoverá testes clínicos em humanos. O candidato vacinal neste caso é o vírus inativado. Para este estudo, serão recrutados inicialmente idosos com 60 anos ou mais.

O objetivo a ser alcançado com uma vacina eficaz e segura é fazer com que a defesa de nosso organismo consiga se preparar para combater de maneira específica o SARS-CoV-2, não permitindo que ele cause uma infecção tão severa.

Por Michelle L. Detoni1, Kalyandra Vaz e Celyna K. Rackov2

1Doutora em C. Biológicas (Genética e Biotecnologia)

2Diretora do Núcleo Médico-Científico da ASPEH Brasil


Referências:

https://www.clinicaltrialsregister.eu/ctr-search/trial/2020-001228-32/GB
https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT04383574?term=covid-19&cond=vaccine&cntry=CN&draw=2
https://www.who.int/publications/m/item/draft-landscape-of-covid-19-candidate-vaccines
https://www.nature.com/articles/d41586-020-01221-y
https://www.nytimes.com/interactive/2020/science/coronavirus-vaccine-tracker.html

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Conferência Internacional de Paraparesia Espástica

A Spastic Paraplegia Foundation – SPF (Fundação de Paraplegia Espástica) organiza anualmente a Spastic Paraplegia Conference (Conferência de Paraplegia Espástica), esse ano o evento estava programado para ocorrer em Nashville, Estados Unidos. Porém, devido a pandemia mundial causada pela COVID-19, a conferência deste ano ocorrerá virtualmente, nos dias 26 e 27 de junho de 2020.

O evento denominado “Global Virtual Conference” (Conferência virtual mundial) ocorrerá no dia 26 e 27 de Junho. No dia 26 às 20:00 (horário de Brasilia) haverá uma palestra com o Dr. Corey Braastad, membro do corpo diretivo da SPF, que abordará os avanços na terapia gênica. E no dia 27 de junho às 13:00 (horário de Brasilia) teremos uma palestra com Dr. John Fink, médico conselheiro da SPF, a respeito da Paraparesia Espástica Hereditária e Esclerose Lateral Primária.

O evento será em inglês pelo aplicativo Zoom, podendo a inscrição ser feita gratuitamente através do link: https://sp-foundation.org/get-involved/annual-conference.html.

Por Celyna Rackov

Diretora Núcleo Médico e Científico da ASPEH-Brasil

Embaixadora do North Texas da Spastic Paraplegia Foundation

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Paraparesia Espástica Hereditária – Novidades

Geralmente, toda primeira terça-feira de cada mês, às 19:30 horário de Brasilia, acontece uma videoconferência com o Dr. Fink. Ele é professor e diretor do Departamento de Desordens neurológicas da Universidade de Michigan, Estados Unidos. Além de médico conselheiro da Spastic Paraplegia Foundation – SPF (Fundação de Paraparapesia Espástica).

A SPF é uma fundação norte-americana que tem como principal objetivo arrecadar fundos para pesquisas ao redor do mundo que envolvam a cura da paraparesia espástica hereditária e da esclerose lateral primaria. Dr Fink é autor de vários artigos científicos relacionados com doenças neurológicas, principalmente as duas citadas anteriormente.

Na videoconferência realizada no dia 2 de junho de 2020, Dr. Fink respondeu a diversas perguntas de membros da SPF. E entre os assuntos citados, foram abordados micro alongamentos, progressão de paraparesia espástica hereditária com início na infância e o uso dos medicamentos rilusol e noscapina.

Dr. Fink falou na videoconferência que o micro alongamento consiste em fazer alongamentos curtos, em média 3 minutos, de hora em hora ao longo do dia. Segundo o que foi abordado, nós pessoas com paraparesia espástica hereditária, por exemplo, fazemos alongamentos em torno de 30 minutos pela manhã, mas após 3 horas não sentimos mais os efeitos do alongamento. Dessa maneira, de acordo com seu caso, seja interessante tentar o micro alongamento, converse com seu fisioterapeuta e neurologista a respeito.

Uma das perguntas feitas foi sobre a progressão da doença no subtipo SPG3A, quando os sintomas aparecem na infância. Dr Fink respondeu que normalmente esse subtipo tem a progressão muito lenta e pode até não progredir com o decorrer do tempo, quando os sintomas aparecem nos primeiros anos de vida. Essa afirmação encontra embasamento na literatura científica, tal como no livro de Darras et al. 2014. 

Em relação ao uso do rilusol, este medicamento é indicado geralmente para esclerose lateral amiotrófica, podendo retardar a progressão da doença. Dr. Fink tem realizado sua indicação para alguns de seus pacientes com esclerose lateral primária. Adicionalmente, sugere a possibilidade de que futuramente este medicamento seja testado em pessoas com PEH.

Uma das pesquisas em andamento que envolve PEH ao redor do mundo, é a pesquisa sobre o subtipo SPG4 e o uso de noscapina. Neste caso, há relatos que após três anos de uso, não houve percepção da progressão da doença e até, em alguns casos, relatou-se uma leve melhora. Essa pesqusa está em andamento na HSP Research Foundation (Fundação de Pesquisa em PEH), localizada na Austrália, para a qual a SPF também envia fundos.

A conversa com o grupo teve duração de 90 minutos, e Dr. Fink falou que a sua principal recomendação é que devemos sempre nos movimentar, uma vez que entre todos os tratamentos que envolvam paraparesia espástica hereditária, até o momento o mais efeciente é manter-se ativo com alongamentos, fisioterapias e atividades físicas. 

Portanto, não podemos parar!

Por Celyna Rackov

Diretora Núcleo Médico e Científico da ASPEH-Brasil

Embaixadora do North Texas da Spastic Paraplegia Foundation


Referências

Darra et al. 2014. Neuromuscular Disorders of Infancy, Childhood, and Adolescence. 2nd Edition.

https://sp-foundation.org/get-involved/upcoming-events.html/event/2019/11/05/neurological-disorders-support-group

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Degeneração do neurônio motor superior

Algumas doenças neuromusculares, como a Paraparesia Espástica Hereditária, têm seus sintomas relacionados a uma degeneração progressiva do neurônio motor superior. Este neurônio realiza a transmissão do impulso nervoso do córtex cerebral até a medula espinhal.

O funcionamento desse neurônio é muito complexo, mas envolve basicamente dois tipos de estímulos: um excitatório e um inibitório. Estes dois estímulos se revezam propiciando a atividade neuronal, e um desequilíbrio nesta dinâmica pode gerar uma hipo/hiper excitabilidade culminando com uma doença.

Entender melhor esse processo, bem como os mecanismos através dos quais o neurônio motor superior sofre degeneração é desafiador. E o conhecimento destes processos pode ser a chave para o tratamento de doenças nas quais ele se degenera.

Um importante estudo que contribui para entender melhor a natureza dos eventos que ocorrem no córtex motor foi publicado recentemente por Javier Jara e seus colaboradores. O estudo sugere alvos-chave (canais iônicos específicos) que podem estar associados a alteração do equilíbrio da saúde para a doença no neurônio motor superior.

A identificação desses alvos é necessária para a construção de estratégias de tratamento eficazes e de longo prazo, que inibam a neurodegeneração.

Este estudo é apenas mais um dos vários que estão ocorrendo ao redor do mundo. Assim, nós que somos acometidos por doenças neurodegenerativas, devemos manter nossas fisioterapias, para estarmos em boa condição, quando um tratamento mais eficaz chegar.

Por Michelle L. Detoni
Doutora em Ciências Biológicas (Genética e Biotecnologia)
Colaboradora do Núcleo Médico-Científico da ASPEH Brasil


Bibliografia:
https://www.clp.northwestern.edu/2020/05/21/mechanism-behind-upper-motor-degeneration-revealed/
Javier H. Jara et al. The Electrophysiological Determinants of Corticospinal Motor Neuron Vulnerability in ALS. Front. Mol. Neurosci., vol 13, 19 May 2020. https://doi.org/10.3389/fnmol.2020.00073

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Produtos de Limpeza: Misturar?? Jamais!!!

E lá vinha o Barbosa, dando uma gostosa gargalhada… com a alça de um balde na mão. Barbosa havia misturado o cloro utilizado para desinfecção de piscinas com um desinfetante para “aumentar o poder de limpeza”. A pequena explosão provocada, arremessou o balde para longe, deixando apenas a alça na mão de Barbosa, que felizmente não sofreu qualquer ferimento.

O que Barbosa não sabia, e a maior parte da população também não sabe, é que existem sérios riscos quando são misturados produtos de limpeza presentes em nosso cotidiano e disponíveis para compra no comércio em geral. O cloro granulado usado em piscinas, por exemplo, tem elevada concentração de hipoclorito de cálcio e pode reagir facilmente com desinfetantes e detergentes produzindo gases tóxicos e explosões.

Muitas vezes ouvimos falar em amônia, hipoclorito e álcool. O problema é que existe pouco conhecimento sobre a utilização desses agentes de limpeza e desinfecção para além das experiências pessoais e, não obstante o pouco conhecimento sobre a química, são raros os usuários que leem os rótulos dos produtos e buscam sua utilização mais consciente.

Na cruel experiência que estamos vivenciando nesta pandemia causada pela COVID-19, muito tem sido noticiado e divulgado em redes sociais sobre a higienização das mãos com água e sabão, mas também sobre a utilização do álcool 70 em gel e hipoclorito de sódio (água sanitária). O que poucos sabem, é que esses produtos isoladamente já exigem grande cuidado. O hipoclorito de sódio, por exemplo, é um agente químico perigoso à saúde se utilizado de forma inadequada. O composto é um potente oxidante, capaz de gerar gases tóxicos e causar danos à saúde, como irritações e queimaduras na pele, olhos e vias respiratórias.

Mais perigoso ainda, quando inadvertidamente esses produtos são misturados na expectativa de obtenção de uma ação mais intensa. A mistura de água sanitária com o álcool pode produzir clorofórmio e ácido clorídrico, que afetam sistema nervoso, pulmões, rins, fígado, olhos e pele, podendo causar a morte do usuário.

Outra mistura perigosa é a de hipoclorito de sódio com produtos que contenham amoníaco (limpa-vidros, agentes multiuso, detergentes, amaciantes e desinfetantes sanitários). A geração de um produto tóxico e potencialmente explosivo, chamado cloramina, pode causar sérios danos à saúde, sobretudo em ambientes fechados. Por vezes, produtos tóxicos são liberados em pequenas quantidades e o usuário não percebe que está sendo diariamente intoxicado.

Outra questão, menos importante, é que muitas vezes as misturas que são feitas neutralizam as ações pretendidas. É o caso da mistura de água sanitária com amaciante, que produz cloramina e inviabiliza as ações de seus princípios ativos úteis por neutralização. Outra mistura inócua é a de vinagre com bicarbonato de sódio. É conhecido que ambos os produtos são excelentes agentes de limpeza se utilizados separadamente. Porém, devido às suas propriedades químicas antagônicas, o ácido acético do vinagre neutraliza o bicarbonato de sódio e, dependendo da quantidade e se o recipiente estiver fechado, pode haver pequena explosão devido à pressão exercida pelo gás produzido na reação entre eles.

Há outras combinações que também não devem ser feitas sob hipótese alguma. Vinagre e água sanitária produzem o gás cloro, extremamente irritante para as vias aéreas e olhos, podendo ser fatal. Desentupidores de ralos e pias contêm soda cáustica e nitrato de potássio e não devem ser misturados com detergentes; vinagre jamais deve ser misturado com água oxigenada; e também deve ser evitada a todo custo a mistura de água sanitária com amônia e sabão em pó, sob o risco de produção de gases tóxicos.

Portanto, devem ser sempre evitadas as misturas de produtos químicos de higiene e limpeza aos quais costumeiramente temos acesso e a sua utilização deve ser feita de forma separada e observando-se as recomendações dos fabricantes. Mesmo assim, devem ser tomadas todas as precauções na hora da utilização, verificando a necessidade da utilização de luvas, botas e máscaras, além de manter os frascos bem fechados e guardados em local adequado e inacessível a crianças ou pessoas despreparadas.

Cuide da sua e da saúde dos outros!

Roberto Rodrigues Cunha Lima, PhD

Professor de Química do IFRN


Referências:

ANVISA. Orientação. Covid 19: só use saneantes regularizados. 17/03/2020.

DISTRITO FEDERAL. INSTRUÇÃO NORMATIVA DIVISA/SVS Nº 7 DE 02/06/2017. Define critérios mínimos para o funcionamento, qualidade e avaliação das atividades de piscina, saunas e afins.

Helmenstine, Anne Marie, Ph.D. “Chemicals You Should Never Mix.” ThoughtCo, Feb. 11, 2020, thoughtco.com/chemicals-you-should-never-mix-606817.

Patra AP, Shaha KK (2017) Household Chemicals and Pharmaceuticals – A Lurking Danger in Home. Forensic Res Criminol Int J 5(3): 00156. DOI: 10.15406/frcij.2017.05.00156

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Alimentação e Imunidade

Em tempos de pandemia e isolamento social, devemos dar uma atenção especial à nossa alimentação. Todos perguntam e querem saber sobre os alimentos que melhoram ou aumentam nossa imunidade. Mas não existe nenhum alimento que faça isso de um dia pra o outro, e sim uma alimentação balanceada todos os dias. Pois é através dessa alimentação que conseguimos nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo e assim uma boa imunidade.

Legumes, verduras e frutas oferecem vitaminas e minerais necessários para uma boa imunidade. Por isso o ideal é consumir todos os dias variando sempre que possível.

Alimentos como: limão, frutas vermelhas, alho, cebola, gengibre….ajudam a fortalecer nosso sistema imunológico. Mas sozinhos não fazem “milagre”. Lembrando que eles devem estar inseridos em uma alimentação balanceada.

Devemos consumir entre 3 a 5 porções de frutas por dia e 4 a 5 de legumes e verduras. Uma sugestão é incluir as frutas no café da manhã, lanche da manhã e lanche da tarde ou como sobremesa e legumes e verduras no almoço e jantar.

Damaris Gonçalves Fabri
Nutricionista
CRN 3 – 22536

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Medicamentos contra a Covid-19 – #NÃOAUTOMEDICAÇÃO

Com o agravamento da pandemia, a busca por métodos eficazes que combatam a progressão da COVID-19 tem se intensificado. Há diversos estudos clínicos em andamento avaliando medicamentos já aprovados para outras doenças e que são promissores por suas propriedades farmacológicas no combate a infecção pelo SARS-CoV-2.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), há 4 tratamentos medicamentosos com grande potencial, são eles: (i) cloroquina/hidroxicloroquina, (ii) remdesivir, (iii) lopinavir/ritonavir e (iv) lopinavir/ritonavir + Interferon beta-1.

Cloroquina e Hidroxicloroquina

Uma dupla de fármacos que vem ganhando repercursão mundial é a Cloroquina e a Hidroxicloroquina (um derivado dela), indicadas no tratamento da malária (parasitose) e de condições reumatoides (artrite e lúpus).

Ambas se mostraram capazes de reduzir a replicação viral de outros tipos de coronavírus (SARS-CoV e MERS-CoV). Mais recentemente, relatos de médicos na China e França, que tratavam doentes com o COVID-19 disseram ter tido sucesso com o uso de hidroxicloriquina, por vezes em combinação com o antibiótico azitromicina.

Mas os resultados ainda são muito preliminares, estudos clínicos envolvendo um maior número de pacientes são necessários para assegurar a eficácia deste medicamento no tratamento da COVID. Principalmente, pela arritmia cardíaca ser um dos fatores de risco no uso desses fármacos.

Remdesivir

Fármaco previamente testado no tratamento do ebola, que tem resultados interessantes no combate a síndrome respiratória aguda severa, provocada pelo SARS-CoV ou MERS-CoV, em animais. Adicionalmente tem apresentado também atividade antiviral contra o SARS-CoV-2, in vitro, tornando-o promissor no tratamento da COVID-19.

Um primeiro estudo clínico foi feito com este medicamento nos Estados Unidos, porém os resultados foram inconclusivos pela falta de parâmetros avaliativos e o pequeno número de pacientes. Atualmente, novos estudos vem sendo realizados para avaliar se o remdesivir pode ser utilizado no tratamento da infecção pelo SARS-CoV-2, mas há efeitos colaterais no que diz respeito a sintomas gastrointestinais.

lopinavir – ritonavir (LPV/r)

Uma combinação usada no tratamento do HIV que possui a habilidade de inibir a replicação viral, tendo atuação in vitro contra o SARS-CoV-1. Desta maneira fármacos com esta composição estão sendo utilizados em estudos clínicos envolvendo o tratamento da COVID-19, em associação ou não com interferon-beta. Embora em estudo esta combinação de drogas também apresenta forte efeito colateral


Além das 4 formulações citadas pela OMS, merece atenção a Nitozoxanide, que possui ampla atividade in vitro contra o influenza, rotavirus, parainfluenza, e inclusive contra o SARS-CoV-2. Porém, maiores investigações são necessárias para determinar o manejo do Nitazoxanide para o COVID-19.

Vários fármacos estão sendo investigados ou teoricamente considerados para tratar pacientes infectados com SARS-CoV-2 que apresentam quadro severo, principalmente. Porém, no momento, nenhuma recomendação pode ser feita, devido à falta de resultados a respeito da eficácia e segurança desses medicamentos.

Assim, o mais seguro a fazer é seguir sempre a recomendação do seu médico, Diga NÃO A AUTOMEDICAÇÃO!!!

Por Celyna K. Rackov, Carolina Curaçá e Michelle L. Detoni


Referências:

Cao, B. Wang Y. et al. A Trial of Lopinavir–Ritonavir in Adults Hospitalized with Severe Covid-19. The New England Journal of Medicine, 2020. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2001282

Cortegiani, G. Ingoglia, M. Ippolito, et al., A systematic review on the efficacy and safety of chloroquinefor the treatment of COVID-19, Journal of Critical Care, 2020. https://doi.org/10.1016/j.jcrc.2020.03.005

McCreary, E.; Pogue J.  Coronavirus Disease 2019 Treatment: A Review of Early and Emerging Options. Open Forum Infectious Diseases, 2020. Disponivel em: https://academic.oup.com/ofid/article/7/4/ofaa105/5811022.

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Terapia Ocupacional na Quarentena

Nesses dias de confinamento, com o contexto desta epidemia da COVID 19 “Coronavírus” a Terapia Ocupacional (TO) visa como fundamental importância para pacientes com Paraparésia Espástica Hereditária (PEH), buscar equilíbrio na saúde mental e física dos indivíduos, proporcionando a autonomia e independência em suas ocupações humanas AVD’S (Atividades de Vida diária, como alimentar-se, vestir-se, etc) e AIVD’s (Atividades Instrumentais de Vida Diária, como gerenciar finanças, preparar refeições, dentre outras).

O intuito da Terapia Ocupacional neste momento de isolamento social é estimular atividades que sejam mais relevantes para as pessoas e seus entes queridos, possibilitando seu autocuidado, seu ambiente imediato, suas ocupações profissionais e familiares, minimizando preocupações relacionado ao corona vírus, pois tais preocupações podem acarretar baixa imunidade, além de problematizar a saúde física como um todo.

Abaixo algumas dicas de autocuidado para minimizar sintomas prejudiciais, melhorando a qualidade de vida de cada indivíduo.

Deve-se:

  • Evitar informações referente ao COVID 19 o dia inteiro;
  • Buscar informações confiáveis – Organização Mundial da Saúde (OMS);
  • Alimentar-se de forma saudável, algo que contribua com aumento de sua imunidade;
  • Se gostar de cozinhar, buscar receitas criativas para um bom prato;
  • Procurar fazer exercícios físicos e alongamentos para prevenir ou minimizar a perda de amplitude de movimento e força, que são ideais para realização de suas AVD’s e AIVD’s;
  • Buscar ler um livro ou assistir um filme de seu interesse;
  • Atividades relacionadas à Arte (pinturas, desenhos, criações de produtos em EVA, Feltro, tampinhas de garrafa, etc.);
  • Manter atividades de lazer em família “Em casa”. Ex: jogos de suas preferências.

 

 

Tabita Costa Knaack

Acadêmica do curso de Terapia Ocupacional do Centro Universitário da Serra Gaúcha – FSG

Núcleo Médico Científico – ASPEH Brasil

 

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Mulher: padrão x autenticidade

Vivemos em uma sociedade repleta de padrões, e por diversas vezes nos questionamos, qual é o meu padrão? Onde eu me encaixo?

Primeiro vamos entender o que é esse tão falado padrão de beleza… “Padrão de beleza é uma expressão usada para um modelo de beleza que é considerado ideal em uma sociedade”. Tal padrão existe desde a pré-história, e vem sofrendo alterações de acordo com a época, ora sendo mulheres mais cheinhas, ora sendo as famosas modelos magérrimas.

Mas onde se encaixa a mulher real neste padrão? A mulher guerreira, autêntica, inteligente e forte? A mulher que enfrenta de frente as barreiras encontradas no caminho?
E ainda se levanta mais um questionamento, se a sociedade e cheia de padrões, como fica a moda de frente a isso?

A moda assim como a sociedade, não fica de fora de tais padrões, o que leva ao surgimento de roupas cada vez mais iguais, calçados com saltos extremamente altos e desconfortáveis, estilos completamente iguais. É como se perdêssemos o nosso Eu, a nossa essência, o que há em nós.

Devemos nos lembrar que o importante mesmo é quem somo e como somos, e não o que usamos e vestimos.

Como você encara esses padrões?

Desde fevereiro de 2019, quando me deparei com a necessidade de uso de muleta, de apoio, eu me vi em um mundo repleto de padrões onde nem eu nem minha fiel companheira nos encaixávamos, onde eu não encontrava nenhum padrão para me encaixar, e foi aí que surgiu o que eu chamo de me momento, me despertar.

No início eu pensei em customizar a Jhenny (minha muleta tem nome) conforme a roupa, com fita adesiva colorida, acredito que nesse período estava em negação e com medo dos padrões. Até que chegou o dia do meu primeiro passeio em companhia da Jhenny, um casamento!

Acreditem, eu surtei e tive um medo enorme de tudo, a roupa não se encaixava à muleta, eu já não usava salto a anos, mas precisava estar vestida para a ocasião. Lembro que me levantei, me arrumei, vesti a roupa mais confortável e adequada que encontrei e fui!

E quantos olhares e questionamentos eu recebi, achei que fosse morrer, minha vontade era de “sentar e chorar”; e foi aí que literalmente caiu a ficha, percebi que o padrão sou eu quem crio, e que realmente e precisava levantar e seguir em frente, descobri que esse deveria ser o meu padrão, seguir em frente, se feliz.

E esse é o padrão que todos nós deveríamos seguir, é o que deveríamos vestir da cabeça aos pés, o que deveríamos calçar e irradiar por aí, a felicidade.

Somos mulheres reais, com problemas reais, e é incrível ver como somos fortes, nos superamos e superamos com o outro, somos mães, amigas, esposas, somos apoio e somos apoiadas, somos estudantes, dona de casa, trabalhamos, rimos e até mesmo dançamos à nossa maneira.

Estamos no século XXI, a sociedade vem mudando, os padrões estão sendo superados, nós mulheres nos tornamos cada vez mais independentes, estamos mudando as visões de padrão, as lojas estão se adaptando, a moda está mudando aos poucos e a passos lentos.

Após esse texto, tantas palavras, você descobriu qual é o seu padrão? Qual o seu padrão de vida, de estilo, seu padrão de hoje e sempre? Afinal, somos mulheres, não somos deficientes, somos seres humanos com uma deficiência física, e diagnóstico não é destino, e nem por isso perdemos nossa vaidade.

Por fim, gostaríamos de deixar algumas dicas de moda com estilo, elegância e conforto, afinal hoje é o nosso dia, nosso mês (convenhamos, todo dia é nosso dia).

Feliz dia internacional da mulher para todos nós, que sejamos cada vez mais forte, que estejamos aqui para ser apoio e para nos apoiarmos, e que o nosso padrão seja sempre a felicidade!

Por Josyane Justino
Associada ASPEH Brasil

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Fisioterapia “Livre”

 

Dentre muitas patologias neurológicas a Paraparesia Espástica Hereditária (PEH), também comumente conhecida como Paraparesia Espástica Familiar (PEF), traz a pessoas com PEH comprometimentos a depender de sua classificação genética.

Para grande maioria das pessoas acometidas pela patologia, a perda funcional da marcha é a principal alteração, afetando diretamente a realização de suas atividades de vida diária e contribuindo para a redução da participação social. Este último fator é considerado para a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, elaborada pela Organização Mundial de Saúde.

Sendo assim, realizar o processo de reabilitação motora é sem dúvida de grande importância, mas este processo deve ser mais amplo e melhor detalhado pelos profissionais que são responsáveis pelos cuidados.

A fisioterapia pode extrapolar as barreiras físicas da academia/clínica, e ser realizada em locais públicos como praia/parques que possibilitem também a socialização do paciente. Sempre lembrando que o paciente deve ser visto como um ser biopsicossocial, transcendendo o limiar meramente biológico.

Abaixo um vídeo exemplificando como a fisioterapia em um local aberto pode trazer maior leveza ao exercício.

 

Por Dr. Fábio Medeiros
Fisioterapeuta

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Paraplegia, Paraparesia e Hemiplegia é tudo a mesma coisa?

Existem alguns termos muito comuns tanto para quem tem ou convive com uma doença rara, para quem tem uma disfunção neurológica, e também no dia a dia de qualquer pessoa que com certeza já ouviu esses termos em algum lugar. Esses termos, apesar de comuns, geram muita dúvida quanto ao seu significado, por serem muito semelhantes. O Glossário Raro desse mês vai ajudar!

Vamos lá! Pra entender o significado desses termos teremos que desmembrá-los.

  • Plegia é a mesma coisa que paresia? Não!

Plegia é uma paralisia, é a ausência de movimento de um segmento, de uma parte do corpo ou de várias delas. Já a Paresia é a diminuição do movimento, fraqueza muscular. Ambas têm origem neurológica, acontecem por uma lesão nos nervos, no cérebro ou na medula espinhal (não é essa que a gente pode doar e salvar a vida de quem tem leucemia, ok?).

Agora que sabemos a diferença de plegia e paresia podemos seguir adiante.

✔Paraplegia = paralisia, ausência de movimento nos membros inferiores (contração muscular zero, não existe movimento voluntário) é o que observamos em quem tem lesão na medula espinhal após acidentes, por exemplo.

✔Paraparesia = fraqueza, diminuição da força muscular nos membros inferiores. Existe movimento voluntário, mas é diminuído, é o caso de pessoas com Paraparesia Espástica Hereditária (PEH) em sua forma mais comum, onde apenas os membros inferiores são acometidos. É também o caso de quem tem poliomielite.

*Os termos Paraplegia e Paraparesia nunca são utilizados para paralisia apenas dos membros superiores, essa condição acontece no caso de lesões periféricas dos nervos dos braços e muito raramente são bilaterais, acontecem nos dois braços.

* No caso de quem tem PEH a confusão pode ser um pouco maior quanto aos termos. Em inglês ela é mais conhecida como “Hereditary Spastic Paraplegia”, e não “Paraparesis” que seria o correspondente ao termo Paraparesia em português. Outro ponto é que em alguns subtipos de PEH, como a SPG11, os membros superiores também são acometidos. E aí, como fica? O nome da doença permanece, mas o quadro clínico apresentado é de uma Tetraparesia.

✔ Tetraplegia = paralisia, ausência de movimento dos membros superiores, inferiores e tronco. Pode ocorrer após uma lesão no pescoço, acometendo a medula espinhal nessa região.

✔ Tetraparesia = fraqueza, diminuição da força muscular. Existe movimento voluntário mas é diminuído e, nesse caso, acomete os 4 membros, superiores e inferiores, e tronco, é o caso de algumas pessoas com Paralisia Cerebral ou com sequela de TCE (Traumatismo Crânio Encefálico).

Fique de olho no próximo Glossário RARO para saber mais!

Por Dra. Priscila Molina, Fisioterapeuta

Núcleo Médico Científico – ASPEH Brasil

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Devo tomar vacina contra o Sarampo??

O Sarampo é uma doença grave, podendo levar a morte. É causada por um vírus e seu contágio acontece quando o doente tosse, espirra, fala ou respira muito próximo de outras pessoas.

Geralmente recebemos a vacina para nos proteger do sarampo nos primeiros anos de vida. Atualmente, a vacinação ocorre aos 12 meses e aos 15-24 meses com nome de tríplice ou tetra viral.

Apesar da eficácia da vacinação, mundialmente, o sarampo matou cerca de 110 mil pessoas em 2017, em sua maioria crianças. Reforçando a importância da prevenção.

Pessoas com Paraparesia Espástica Hereditária, também conhecida como paraparesia espástica familiar, podem e devem se vacinar! Já as grávidas e pessoas com imunidade baixa devem ter seu caso avaliado por seu médico.

Esse ano temos visto o surgimento de novos casos de sarampo no Brasil. Assim, é importante ficar atentos

Em São Paulo, pela existência de casos da doença, a vacinação é recomendada nos seguintes casos:

 

Por Michelle L. Detoni & Celyna K. Rackov


Referências:

https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/index.php?p=278134

https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5633:folha-informativa-sarampo&Itemid=1060

http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/sarampo#boletins-epidemiologicos

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Como evitar pés rachados!

A pele é o maior órgão de nosso corpo e funciona como uma barreira física a entrada de patógenos contribuindo para nossa saúde. Sendo a camada mais externa e mais resistente da pele, a epiderme que é encontrada em várias partes do corpo como a sola dos pés.

O ressecamento e a descamação nos pés são consequência de vários fatores, dentre eles o clima frio e seco. Nos cadeirantes, o ressecamento dos pés é algo ainda mais rotineiro, devido a longa permanência sentado com pouca ou nenhuma locomoção e o posicionamento “estagnado” dos pés.

Esses fatores acabam agredindo nossos pés, gerando ressecamento e perda de elasticidade na sola dos pés, que acabam evoluindo em alguns casos para a descamação e rachaduras. O que pode causar irritação, coceira e até dor.

Assim, para evitar rachaduras e ter pés saudáveis, segue uma dica simples e que funciona: remover a pele morta e passar um bom hidratante!!!

A remoção da pele morta dos pés pode ser realizada durante o banho com o auxílio das próprias mãos esfregando com movimentos firmes, ou uso de uma bucha vegetal. Depois desse processo, finalize como um creme hidratante para os pés.

O resultados são pés macios e saudáveis!!!

Por Rejane Mota (Massoterapeuta)

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Família SuperAção – ASPEH Brasil

 

Nós da ASPEH Brasil, estamos sempre buscando divulgar nossa associação, bem como suas redes sociais. Dessa maneira, de agora em diante, nos apresentaremos nas redes sociais como: Família SuperAção – ASPEH Brasil. Tornando-nos acessíveis também as pessoas que admiram nossas histórias de SuperAção, mas desconhecem a Paraparesia Espástica Hereditária.

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Anestesia Cirúrgica na Paraparesia Espástica Hereditária (PEH) e na Esclerose Lateral Primária (ELP)

Por Malin Dollinger, Médico Doutor, SPG4.

Discussões recentes em salas de bate-papo revelaram uma frequente falta de conhecimento dos requisitos especiais de anestesia em pacientes com PEH e ELP. Neste artigo iremos estabelecer informações médicas e fazer comentários sobre anestesia, oferecendo referências confiáveis que você pode baixar e entregar ao seu anestesista. A anestesiologia é uma ciência complexa, não é apenas “colocar alguém para dormir por algumas horas”, e muita pesquisa foi e continua sendo feita neste assunto.

Primeiro, uma breve classificação dos tipos de anestesia: A anestesia geral significa que você está “dormindo profundamente” e inconsciente de qualquer coisa, incluindo o que seria doloroso, como incisões cirúrgicas e cortes. Nos “velhos tempos”, esse era um processo demorado, por exemplo, usando inalação de gotas de éter (usado quando eu tinha seis anos de idade e fui submetido a uma cirurgia). Mais tarde, coisas como o tiopentato de sódio e, ultimamente, agentes muito eficazes, como o Propofol, estão sendo usados ​​e com ambos vocês “dormem” e “acordam de novo” em um período de tempo muito curto. A anestesia geral é a forma de anestesia que mais nos interessa, não por causa do agente anestésico, mas devido aos relaxantes musculares comumente usados. A anestesia regional irá anestesiar apenas uma parte do corpo, por exemplo, uma anestesia espinhal para cirurgia nas pernas, e uma hérnia. Anestesia local para áreas menores, usando o mesmo tipo de anestésico que o dentista e, outros tipos de anestesia regional, em que os nervos maiores, por ex. no peito, são anestesiados por injeção local de agentes anestésicos. Depois, há a “sedação consciente”, também chamada de “sono crepuscular”, em que são administradas drogas intravenosas que fazem você não ter consciência do que o cerca, mas você pode seguir instruções simples. Esse anestésico era frequentemente usado em procedimentos gastrointestinais, como a colonoscopia, mas hoje em dia o propofol é usado com frequência, pois funciona tão rápido, tão bem e desaparece tão rapidamente, sem grandes efeitos colaterais como náuseas e vômitos, que são efeitos colaterais existentes com anestésicos antigos.

Este tópico tornou-se de vital importância quando pessoas com PEH ou ELP receberam anestesia geral, juntamente com um relaxante muscular de ação prolongada, como a succinilcolina, e inesperadamente ficaram fracas e incapazes de trabalhar os músculos por vários dias ou até mesmo algumas semanas! As pessoas com ELP eram especialmente vulneráveis ​​nessa situação, porque a sua condição inclui frequentemente o envolvimento dos nervos na base do cérebro, que controlam a deglutição e a respiração, ambos os quais poderiam ser afetados pelos relaxantes musculares de ação prolongada. Algum “Suporte de vida” pode ser necessário nessa situação até que o relaxante muscular desapareça. Outros tópicos relacionados à cirurgia em pessoas com PEH ou ELP foram desdobramentos da discussão acima. Por exemplo, como melhorar a rigidez e o aperto muscular das pernas, o que pode interferir com a cirurgia planejada. Uma leitora da Synapse me contou sobre receber injeções de Botox nos músculos da perna, uma solução esplêndida para permitir o posicionamento cirúrgico adequado sem as “pernas apertadas” atrapalhando. Certa vez eu fiz uma cirurgia de próstata e as enfermeiras não conseguiam separar minhas pernas. Uma enfermeira de cada lado segurava cada perna para fora durante toda a operação

Agora, aqui estão alguns detalhes para você e, especialmente, para o seu anestesista, com algumas referências que você pode baixar, imprimir e entregar ao profissional. Essas “pérolas de sabedoria” são de artigos médicos/científicos escritos principalmente por anestesiologistas que lidam com esses assuntos todos os dias. Esse é o propósito de publicar pesquisas médicas, para que outros médicos e seus pacientes tenham o benefício de avanços novos e importantes no atendimento médico. Suponha que um médico tenha descoberto um novo antibiótico que funcionasse contra bactérias resistentes a antibióticos. Não seria vital, e às vezes salvadora para ela, publicar essa informação para que todos pudéssemos nos beneficiar? Então, aqui estamos prestes a descobrir e rever o que os pesquisadores de anestesiologia têm a dizer sobre anestesia para pessoas com ELP e PEH.

A seção seguinte deve ser impressa e entregue ao seu anestesiologista pelo menos alguns dias antes da cirurgia e não na noite anterior ou na manhã da cirurgia. Eu citei trechos exatos de alguns dos artigos científicos e não tentei editar ou traduzir, para não incorrer em interpretações errôneas. Seu anestesiologista precisa ouvir a importante mensagem do anestesiologista que escreveu o artigo usando a linguagem médica correta. Estes são para seu benefício direto, portanto, melhor se exatamente citado. Imprima, incluindo as referências, para o seu anestesiologista.

O artigo de autoria de Franco-Hernández et al. (ver referência 3), mostra que o uso de bloqueadores neuromusculares é complicado em pacientes com paraplegia espástica familiar. A succinilcolina é contraindicada, uma vez que pode induzir hipercalemia e deve haver cautela no uso de relaxantes musculares não despolarizantes, devido ao risco de relaxamento exagerado do músculo. As fontes da literatura não demonstraram se a anestesia regional exacerba os sintomas neurológicos. No entanto, a anestesia regional nem sempre é possível. Portanto, a anestesia geral com bloqueadores neuromusculares não despolarizantes representaria uma alternativa segura – particularmente considerando que existem medicamentos que oferecem reversão rápida e segura do bloqueio muscular induzido por rocurônio e vecurônio (anestésicos não despolarizantes). Em nossos dois pacientes, optamos pela anestesia geral, devido à duração e complexidade de ambas as operações.

Grande cuidado é necessário na extubação em pacientes com PEF, particularmente se os bloqueadores neuromusculares foram administrados durante a operação. Se possível, os bloqueadores neuromusculares de longa duração devem ser evitados, com monitoramento rotineiro do relaxamento neuromuscular durante toda a operação, usando um estimulador de nervo periférico padrão. Uma razão TOF acima de 0,9 deve ser confirmada antes do despertar, acelerando a recuperação do paciente com neostigmina ou drogas que se ligam seletivamente a bloqueadores neuromusculares de aminoesteróides, como sugamadex.

Embora o manejo anestésico tenha diferido entre as duas operações (Anestesia Intravenosa Total versus Anestesia Inalatória), existia concordância quanto à escolha do relaxante muscular, ou seja, rocurônio, devido à possibilidade de antagonizar seus efeitos com sugamadex. As deficiências funcionais são semelhantes às anteriores à anestesia geral, o acompanhamento subsequente de ambos os pacientes não revelou nenhum agravamento significativo dos sinais neurológicos.

Conclusão: O principal interesse de nosso estudo é que ambos os pacientes foram submetidos à anestesia geral, com o uso de um agente de reversão específico para o bloqueio neuromuscular não despolarizante, seguido de recuperação completa e sem agravamento da doença neurológica existente.

Thomas, et al relataram o uso de raquianestesia, em conexão com um procedimento obstétrico, e a raquianestesia funcionou bem e normalmente.

Dizdarevic e Fernandes usaram um bloqueio do nervo paravertebral e uma anestesia multimodal [vários tipos] para cirurgia de câncer de mama em um paciente com ELP. A anestesia foi confiável e eficaz, a paciente teve pouca ou nenhuma dor no pós-operatório e não recebeu medicação para a dor com opiáceos.

Olmez e Topaloglu revisaram vários tipos de anestesia em pacientes com PEH.

Kunisawa et al usaram anestesia com óxido nitroso, oxigênio e sevoflurano em um paciente com PEH, e não houve problemas anestésicos (artigo em japonês).

Referências Discutidas:

  1. Thomas, I., et al. Spinal Anaesthesia in a Patient with Hereditary Spastic Paraplegia: case report and literature review. International Journal of Obstetric Anesthesia. Vol 15: Issue 3, 254-256, 2006
  2. Dizdarevic, A and Fernandes, A. Thoracic Paravertebral Block, Multimodal Analgesia, and Monitored Anesthesia Care for Breast Cancer Surgery in Primary Lateral Sclerosis. Case Report in Anesthesiology. Vol 2016, Article ID 6301358, 4 pages. http://dx.doi. org/10.1155/2016/6301358
  3. Franco Hernández, J.A., et al. Use of Sugammadex in Strumpell-Lorrain disease: a report of two cases. RevistaBrasileira de Anestesiologia. Vol.63 No.1 Campinas Jan/Feb 2013
  4. Olmez, A. M.D. and Topaloglu, H. M.D., Hereditary Spastic Paraplegia / Anesthesia Post 11.01.2012 http://www.medmerits.com/index.php/article/ hereditary_spastic_paraplegia/P13
  5. Kunisawa, T., et al. Anesthetic Management of a patient with Hereditary Spastic Paraplegia. Masui 2002;51:64-66.

Desta maneira, sua anestesia pode ser local, regional ou geral, mas em qualquer caso, o conhecimento e a experiência do anestesista pode determinar o baixo risco da anestesia, tal como em pessoas sem PEH ou ELP. Exemplos foram dados, e é extremamente importante evitar o uso de bloqueadores neuromusculares de ação prolongada, como a succinilcolina.

Existem outras medidas especiais para pacientes com PEH e ELP, como maneiras de “alinhar” ossos quebrados tortos para que eles se curem adequadamente, usando injeções de tração e Botox para uma fratura na perna ou no braço, ou ainda usando injeções locais de Botox onde uma parte do corpo precisa de espasticidade reduzida para uma cirurgia.

Eu sugiro que você copie este artigo inteiro para dar ao seu anestesista (ou cirurgião para repassar ao seu anestesista) pelo menos alguns dias antes de sua cirurgia. Naturalmente, você passará pela triagem pré-operatória usual para todos os envolvidos na cirurgia, incluindo a verificação de doenças cardíacas ou pulmonares, anormalidades na coagulação do sangue ou quaisquer outras questões médicas que precisem ser conhecidas e tratadas para tornar a cirurgia contemplada o mais segura possível.

Tradução: Michelle L. Detoni& Celyna K Rackov

Newsletter of the Spastic Paraplegia Foundation. Synapse, Vol. 22, Issue 2, 2019. Disponível em: https://sp-foundation.org/news-resources/newsletter.html

 

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Por que fazer o Teste Genético é tão importante?

Por Frank Davis (SPG4 – Presidente da Spastic Paraplegia Foundation)

Se sua família é parecida com a minha, você adquiriu várias tradições familiares que fazem parte de quem você é hoje. A Paraparesia Espástica Hereditária (PEH) é uma doença familiar e, portanto, algumas informações sobre ela acabam fazendo parte das tradições familiares. Algumas dessas tradições estão relacionadas às seguintes frases: “A PEH é parte da nossa família, nunca será curada”, “É muito caro descobrir qual gene eu tenho e não há nada que possamos fazer sobre isso”. Deixe-me dizer-lhe, amigo, que nossa fundação (Spastic Paraplegia Foundation) e a ciência moderna estão, certamente, a lançar essa tradição pela janela! Precisamos da sua ajuda para continuar fazendo isso!

Cientistas e empresas genéticas, tanto grandes quanto pequenas, que utilizam novas tecnologias genéticas como a CRISPR estão surgindo em todo o mundo quase todos os dias. Eles nos contatam buscando saber se devem ou não aplicar seus esforços e se aprofundar na cura da PEH. Atualmente estão curando muitas doenças genéticas envolvendo cegueira e realizando grandes esforços na cura da distrofia muscular de Duchenne e outras doenças genéticas raras.

Eles nos perguntam quantas pessoas nos Estados Unidos têm cada gene e quantas podemos contatar. Eles não querem colocar a despesa e o esforço em tentar curar um gene quando não há pessoas suficientes com esse gene para eles entrarem em contato. Por exemplo, o SPG4 é o subtipo mais comum na PEH. Os cientistas estimam que existem mais de 10.000 pessoas nos Estados Unidos com PEH do subtipo SPG4. Mas em nossa base de dados, temos apenas 167 pessoas cadastradas nos EUA com PEH-SPG4. No entanto, existem mais de 2.600 pessoas em nossa base de dados que possuem PEH e não sabem qual seu subtipo. Descobrir nosso subtipo pode abrir enormes portas para todos nós. Nós precisamos ser capazes entrar em contato com mais pessoas de todos os subtipos de PEH para que essas empresas genéticas coloquem a PEH na lista de doenças genéticas que eles querem curar.

Atualmente estamos fazendo um grande esforço para alcançar neurologistas em todo o país para pedir que eles informem seus pacientes com PEH sobre a existência de nossa associação. Encorajo-os a aconselhar os membros da sua família que não são membros ainda de nossa associação, a filiar-se, passando-nos suas informações. Uma vez que todos os membros da família com PEH possuem o mesmo subtipo, às vezes eles podem se juntar e dividir o custo para um dos membros faça o exame genético.

O custo destes testes genéticos vem diminuindo o tempo todo. No momento, existem diferentes testes genéticos que têm como alvo diferentes grupos de genes a custos diferentes. Quando descobrir o seu gene ou se já o souber e não nos tiver dito, atualize seus dados em nosso site (www.sp-foundation.org).

Lembre-se: Sozinho você é raro, juntos somos FORTES!

Tradução: Celyna K. Rackov1 e Michelle L. Detoni2

1Diretora do Núcleo Médico Científico da ASPEH Brasil

2Doutora em Ciências Biológicas (Genética & Biotecnologia)

Newsletter of the Spastic Paraplegia Foundation. Synapse, Vol. 22, Issue 2, 2019. Disponível em: https://sp-foundation.org/news-resources/newsletter.html

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Estudos Clínicos: Paraparesia Espástica Hereditária

Para que um medicamento esteja em uma farmácia e seja usado com segurança e efetividade para determinada doença é necessário um longo percurso. E nesse caminho é essencial conhecermos bem a doença: sua causa e os processos através do qual surgem os sintomas.

Dessa maneira, para que tenhamos um medicamento que impeça a progressão da Paraparesia Espástica Hereditária, é necessário conhecer detalhadamente cada subtipo, tendo assim um melhor entendimento dos sintomas e do avanço da doença nos diversos subtipos para direcionar potenciais tratamentos a serem testados.

Atualmente existem vários estudos clínicos envolvendo à PEH. Abaixo estão relacionados aqueles em andamento cadastrados na página https://clinicaltrials.gov. Estes estudos clínicos estão concentrados nos Estados Unidos e Alemanha, em breve, falaremos de outros estudos ao redor do mundo.

 

Por Celyna K. Rackov1 e Michelle L. Detoni2

1Diretora do Núcleo Médico Científico da ASPEH Brasil

2Doutora em Ciências Biológicas (Genética & Biotecnologia)

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Teste do pezinho Ampliado, vc sabe a importância disto?

Pelo SUS, temos direito a um exame que detecta 6 doenças, porém existe um que é ampliado e chega a descobrir 53 doenças raras. Este é pago, mas é extremamente importante. Criamos esta petição online para que este teste ampliado também seja coberto pelo SUS.
Você pode nos ajudar? É só assinar e compartilhar. Precisamos de 1 milhão de assinaturas.
Com o teste, descobre-se doenças raras existentes antes dos sintomas apareçam, evitando sequelas graves e toda a angústia de não saber o que se tem. Assine, você pode salvar uma vida!
#TODOSpelosRAROS #PezinhonoFuturo
http://bit.ly/2DY2wRt
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A Cura: chip ou medicamento??

As pessoas portadoras de deficiência, seja ela congênita ou adquirida, sonham em levar uma vida sem limitações, ampliando seus horizontes. Mas na verdade, imaginam que o sonho de recuperar movimentos ou sensações está um pouco distante de seu alcance.

Dessa maneira, muitas pessoas com deficiências tentam uma melhora em sua qualidade de vida, adaptando-se as situações do cotidiano e buscando terapias paliativas.

Mas claro, sem perder a esperança de que surja um medicamento “milagroso” capaz de tornar sua vida “normal”.

E se não for um medicamento, mas sim um chip?? Como você veria o implante de algo artificial em seu organismo que lhe beneficie??

A tecnologia vem avançando, e ganhando cada vez mais espaço na área da saúde. Assim, têm sido recorrentes matérias citando implante de dispositivos eletrônicos que permitem a recuperação de movimentos, audição e visão, por exemplo.

Por Michelle L. Detoni

Doutora em C. Biológicas (Genética & Biotecnologia)

Para saber mais acesse:

Chip colocado no cérebro lê e ativa neurônios poderá reverter cegueira e surdez

Cientista brasileiro faz dois paraplégicos caminharem

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Novas técnicas terapêuticas

A porfiria aguda intermitente é uma doença que provoca crises de dor muito intensas, as quais nem a morfina é capaz de solucionar. Em um estudo clínico, médicos ingleses, avaliaram o tratamento desta doença por Silenciamento Gênico.

Nesta terapia, uma determinada instrução do DNA que levaria a uma doença é interrompida.

Tanto os médicos, quanto os paciente, se surpreenderam com o resultado. “Tive dor por dez anos, não esperava que isso acabasse”, relatou uma paciente.

O silenciamento de genes pode ser usado para tratar outras doenças, e alguns estudiosos vêem nesta terapia um grande potencial de transformar a medicina.

Leia matéria completa.

Por Michelle L. Detoni