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Glossário RARO: Paraparesia Espástica Hereditária

Alguns termos que os profissionais da saúde (médicos, fisioterapeutas, geneticistas e outros) utilizam parecem confusos e indecifráveis. E o entendimento destes termos, e das indicações médicas, é muito importante e pode contribuir para melhorar a qualidade de vida do paciente.

Para tentar ajudar nisso, a ASPEH Brasil irá publicar uma série de matérias que formarão o “Glossário RARO”. Assim, o primeiro termo a ser “traduzido” será Paraparesia Espástica Hereditária.

Paraparesia Espástica Hereditária (PEH) é o nome completo de uma doença. Dessa forma, esse norme e sobrenomes explicam os sintomas e as características dela.

▪ Paraparesia – é a diminuição da força muscular nas pernas.

▪ Espástica – é referente a espasticidade, ou seja, ao endurecimento das pernas que é uma característica dessa doença (aumento do tônus). Este sintoma pode ser acompanhado muitas vezes de clônus e de espasmos.

▪ Hereditária – porque é uma doença genética, e pode ser transferida para as próximas gerações.

Importante ressaltar que estes 3 termos não são inseparáveis, cada um tem seu significado próprio e para que isso fique bem claro, deixamos aqui alguns exemplos:

Alguem que sofreu uma Lesão Medular em um acidente pode ter Paraparesia, mas ela não será hereditária.

Uma pessoa com sequela de Paralisia Infantil apresenta Paraparesia (fraqueza nas pernas) mas não é Espástica, pelo contrário, ela apresenta Hipotonia, é “mole”.

Algumas pessoas com Paralisia Cerebral apresentam Paraparesia Espástica.

E existem milhares de doenças hereditárias, que não tem relação com paraparesia nem com espasticidade.

Há algum termo que você gostaria de entender melhor?? Mande-nos!

 

Priscila Molina, Celyna K. Rackov e Michelle L. Detoni

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Atividades Aquáticas nas Doenças Neuromusculares

A Paraparesia Espástica Hereditária (PEH) abrange um grupo heterogêneo de distúrbios neurológicos que tem como principais sintomas a fraqueza e/ou espasticidade dos membros inferiores. A Fisioterapia representa a abordagem terapêutica mais importante para aliviar esses sintomas. A variedade do quadro clínico da PEH é grande, portanto a avaliação individual do fisioterapeuta é importante para a determinação dos objetivos, também individuais. (Para mais informaçoes sobre a variedade no quadro clínico da PEH acesse: https://www.aspehbrasil.org/causas-e-sintomas/).

Além da fisioterapia motora em solo, dentre as atividades físicas que indivíduos com PEH têm reportado maiores benefícios, destacam-se os exercícios aquáticos como, a fisioterapia aquática (hidroterapia), a hidroginástica e a natação.

As atividades aquáticas podem proporcionar uma variedade de benefícios à pessoas com dificuldades motoras. A água, muitas vezes, ajuda essas pessoas a se moverem de maneira que não são capazes no solo, uma vez que na água ficamos 90% mais leves facilitando assim a movimentação ativa. Além disso, dependendo da posição do corpo e da região a ser trabalhada, a água pode ser usada como resistência ao movimento, fortalecendo a musculatura ou como facilitadora de um movimento que por vezes é difícil ou mesmo impossível fora da piscina; a água funciona também como apoio e suporte, podendo facilitar o equilíbrio.

A temperatura da água pode ser uma aliada. A faixa de temperatura mais utilizada para hidroterapia varia de aproximadamente 30ºC a 35º C, apresentado excelentes resultados na grande circulação, mobilidade e tônus.

Hidroterapia

A hidroterapia é constantemente indicada para tratamento relacionado a PEH e está totalmente ligada à fisioterapia de solo e respiratória, auxiliando também as demais terapias dependendo da necessidade de cada paciente.

Dentre os principais objetivos da hidroterapia encontram-se: Manter e melhorar a movimentação ativa, a capacidade cardio-respiratória, a capacidade funcional, a qualidade de vida promovendo, inclusive, interação social.

Um estudo realizado na Nova Zelândia analisou a eficiência da hidroterapia na marcha de pessoas com PEH. Nesse estudo, nove pessoas com PEH foram solicitadas a participar de análises de marcha pré e pós-hidroterapia. De acordo com os resultados dessa pesquisa, a média da velocidade de caminhada aumentou significativamente (11%) após a sessão da hidroterapia, indicando efeitos benéficos da hidroterapia para esse grupo.

Hidroginástica

A hidroginástica é derivada da hidroterapia, porém na hidroginástica as atividades são realizadas em grupo sob orientação de um profissional de educação física. A hidroginástica consiste de exercícios elaborados para diversas partes do corpo para trabalhar diferentes capacidades físicas como a flexibilidade, força muscular, equilíbrio, capacidade respiratória e cardiovascular.

Natação

A natação é um dos esportes mais completos e proporciona uma variedade de benefícios tanto para indivíduos em geral como para pessoas com algum tipo de deficiência. A natação pode ajudar desde a melhora das capacidades físicas como também nas relações sociais entre as pessoas. Esta atividade aquática trabalha todos os grupos musculares, alivia tensões, ajuda a diminuir a gordura corporal e a recuperar lesões.

O ensino da natação para a pessoa com deficiência poderá sofrer adaptações em relação ao processo que habitualmente se desenvolve. Ao longo do processo, o professor pode utilizar recursos diversos como pranchas, espaguetes, flutuadores, e entre outros para auxiliar o aprendizado dos nados.

Além dos benefícios físicos da natação, destacam-se também os benefícios cognitivos por estimular o desenvolvimento da aprendizagem e o poder de concentração e benefícios psicossociais, uma vez que as atividades aquáticas podem propiciar ao indivíduo atividades em pequenos e grandes grupos, estimulando assim as experiências corporais, a integração e o convívio social.

ATENÇÃO:

*E as atividades na água são indicadas para todos os pacientes? Não! Existem contra-indicações, algumas absolutas como febre, infecções do trato urinário, infecções de pele, e outras como no ouvido, garganta, vias respiratórias e gastrintestinais, capacidade pulmonar muito comprometida, cardiopatias instáveis, doença vascular periférica e epilepsia de difícil controle. Outras são restrições, não cabem regras rígidas como as contra-indicações e sim uma avaliação apurada do fisioterapeuta e da equipe multidisciplinar quanto à relação custo-benefício, são elas: incontinência urinária e fecal, pacientes com histórico de cardiopatia, pressão arterial alta ou baixa controlada, alterações de sensibilidade ou déficit de regulação térmica, feridas ou úlceras abertas e epilepsia controlada.

Cada pessoa pode se beneficiar diferentemente para cada tipo exercício, portanto uma avaliação profissional deve ser realizada.

O vídeo “Atividades Aquáticas” mostra pessoas com PEH realizando atividades aquáticas como hidroterapia, natação e hidroginástica.

Por Celyna Rackov1, Tecia Donato1, Tabita Knaack1, Priscila Molina1,2

1Integrantes do Núcleo Médico e Científico da ASPEH Brasil, 2Fisioterapeuta

REFERÊNCIAS

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